Edson Franco, editor-chefe da IstoÉ, fala sobre o novo livro de Bruno Venga
- brunovenga

- 18 de abr.
- 2 min de leitura
Edson recebeu o convite para apresentar o livro "Ensaios sobre o tempo não linear". Com toda gentileza, ele não só aceitou, como mergulhou no livro e nos presenteou com o belo texto abaixo.

"Tudo de se tocar o atraía,
mas o que mais importava mesmo
era o intocável".
Este é um dos primeiros versos encontrados em "Ensaios sobre o tempo não linear". No poema, o autor revisita o menino que preserva dentro de si e, com esse olhar, repassa as dores e as delícias de lidar com tudo aquilo que escapa ao tato. A intangibilidade permeia sem intimidar a poesia de Bruno Venga. Pelo contrário, estimula um exercício libertador em que sensibilidade, imaginação e autoconhecimento encontram respostas – ou lançam novas dúvidas – sobre as questões mais cruéis e superam os obstáculos mais intransponíveis. Afinal, como ele mesmo define, precipícios assustam somente os que não têm asas.
Tudo é dito e escrito sem as amarras de rimas e métricas. Artes-irmãs, poesia e música compartilham uma característica indissociável: o ritmo. Ele pode ser facilmente identificável no rigor estrutural dos sonetos ou na batida sincopada do samba. Os versos encontrados nesta obra fogem de fórmulas rítmicas em que as palavras ocupem um espaço pré-determinado e aprisionador. Buscam a liberdade da poesia de Mallarmé ou do jazz de Charles Mingus. Determinar o ritmo passa a ser uma responsabilidade compartilhada com quem lê.
E assim é a poesia com que Bruno Venga nos presenteia. Livre, indisciplinada, intocável e, acima de tudo, incontrolável. Como o tempo.
Edson Franco é jornalista com passagens por Folha de S.Paulo, revistas Galileu, Ele Ela, Guitar Player Brasil, IstoÉ, portal Terra e Canal Rural. Músico diletante, toca guitarra nas horas vagas e discoteca em baladas de música brasileira dançante. É coautor do livro “Música Popular Brasileira Hoje” (Publifolha) e editor de “Zózimo Diariamente” (editora EP&A).


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